Os pais e o desporto.

A participação de pais e mães no desporto dos filhos, podem apresentar-se como uma fonte de apoio mas também de pressão, este facto varia de acordo com diferentes tipos de participação dos pais. Quando as crianças começam a praticar uma arte marcial fazem-no por simples satisfação e gosto. Todas as crianças são diferentes e desenvolvem aptidões em várias etapas da vida. Uns mais tarde, outros mais cedo, mas todos sem exceção com um bom acompanhamento serão bons alunos de artes marciais, e mais importante, bons adultos.

No entanto alguns pais sentem um forte desejo de ajudar os filhos a terem sucesso e a serem campeões, exigindo deles níveis de desempenho que nunca alcançaram como praticantes, tornando-se muitas das vezes pais frustrados e obsessivos. Estes pais querem ver os seus sonhos outrora desvanecidos, concretizados nos filhos, ao invés de apoiarem e manterem um equilíbrio saudável entre a arte marcial e os outros aspetos da vida da criança. Empurram a criança para a tristeza e para metas que todavia não podem cumprir no momento, exercendo uma pressão enorme na criança e tornando-se um mau exemplo pelas atitudes que tomam ao colocar na maioria das vezes a culpa do mau desempenho da criança no Mestre, ou nos árbitros dum torneio, tendo ciúmes de outros alunos que já desenvolveram apetências que a sua criança ainda não alcançou ou mesmo mudando a criança de escola para tentar a tudo o custo obter o SEU tão desejado sucesso… e estas atitudes tornarão a sua criança noutro adulto frustrado e obsessivo que não atingiu o seu objetivo principal de crescer e ser feliz com a sua arte marcial…

Temos também os desinteressados que transferem a responsabilidade de “educar” os filhos ao Mestre, e não se envolvem no processo de educação e de treino. Para compensar a sua ausência são coniventes com a criança quando esta desmotiva ou tem problemas, desautorizando por vezes os “castigos” que o Mestre impõe sem que em primeiro lugar se informem da razão de tal atitude. Não se importam minimamente se a criança progride, se está feliz ou se tem atividades, o importante é que a prática das artes marciais sirva somente para aniquilar as energias acumuladas da criança para que esta chegue a casa, tome banho, coma, não incomode muito e durma… há uma total incompreensão e desinteresse do seu papel frente à formação da criança, pois haverá sempre alguma desculpa ou compromisso mais importante que assistir ao treino. Com esta ausência e desinteresse o Mestre por consequência, em vez de ser um dos alicerces, torna-se cada vez mais a casa onde a criança se refugia quando tem problemas, e quando isso acontece e se sentem ameaçados retiram as crianças dando a típica desculpa “ não quer ir aos treinos”.

Não existe maior alegria para uma criança do que demonstrar o que aprendeu com o seu esforço e superação àqueles que ama, tal como a maior tristeza e desgosto é demonstrar isso a uma cadeira vazia…

Não quero com isto culpar os pais por ações inadequadas e por todos os problemas que existem com a educação das crianças nas artes marciais, pois elas nascem e não trazem livro de instruções, mas acredito piamente que muito pode ser conseguido alertando e melhorando as linhas de comunicação entre pais e Mestre.

Para que uma criança cresça com as artes marciais, terá de haver moderação comportamental e emocional, muita paciência e incentivo. Temos de estar conscientes que tudo o que oferecemos às crianças é filtrado por nós adultos. Quando elas recebem este apoio consciente e apropriado haverá um enriquecimento da participação dos mesmos possibilitando grande crescimento e experiências alicerçadas pelo Mestre, pelos pais e pelos 5 princípios das artes marciais que ensino que são: Cortesia, Integridade, Perseverança, Autodomínio e Espirito indomável.

Por isso deixo aqui algumas perguntas que devem responder antes de colocar o vosso filho numa academia de artes marciais:

Serei capaz de confiar o meu filho ao Mestre?

Serei capaz de admitir as suas limitações?

Serei capaz de aceitar os triunfos da minha criança de forma humilde?

Serei capaz de aceitar as frustrações da minha criança?

Serei capaz de demonstrar os 5 princípios à minha criança?

Serei capaz de dedicar algum tempo à minha criança?

Serei capaz de aceitar as decisões da minha criança?

Eu para ensinar a sua criança já as fiz a mim mesmo… e não duvido que as crianças serão capazes de se empenhar ao máximo para vocês se sentirem orgulhosos delas…

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